Em uma apresentação intimista e curta, a atriz Yasmin Castro faz, de forma sensível, a leitura de alguns trechos de “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus durante a peça. O cenário é composto por um projetor que passa imagens reais de Bitita, urucum e alguns potes com alimentos e água.
De forma onírica, a narrativa nos leva para a imagem de cárcere – a personagem está presa em um mundo que a exclui constantemente. Abordando questões de raça e gênero, o espetáculo reitera a força e os desafios que pessoas negras enfrentam em um país fundado no racismo e na desigualdade.
A perspectiva bicho x gente está presente desde o início da apresentação- a desumanização de determinados corpos é evidente, principalmente em São Paulo, onde se territorializa grande parte da narrativa. A favela, o hip hop, as manifestações da cultura popular, a saia de chita e o próprio diário são maneiras possíveis de sair da prisão que afugenta a atriz. Por fim, o espetáculo impressiona pela potência dos escritos de Bitita tão bem encenados.