Será que o amor não tem limite? Ou será que ele estabelece a medida do suportável? Quanto de nosso esforço para ser bom é também temperado pela mesquinhez? Compartilhar a intimidade e a falência do corpo será um ato de compaixão?
A leitura dramática do texto de Antônio Duran nos interroga a respeito dessas questões ao colocar em cena duas mulheres que compartilham suas vidas e veem surgir a necessidade de entendimento dos limites do amor quando uma delas adoece e morre. Antes de morrer ela pede a outra que a enterre usando só um batom nos lábios, nos oferecendo uma sofisticada metáfora do desapego.
É bastante gratificante quando a leitura dramática de um texto já apresenta alguns aspectos de encenação e aqui temos uma proposta que é delicada ao construir imagens que flertam com nossas ancestralidade e ideias sobre a vida após a morte, além de também ao pontuar o espetáculo com uma envolvente trilha sonora executada ao vivo por músicos no palco.