Quando a gente pensa na humanidade em seus primórdios, na mais ancestral das épocas, nos referimos a Idade da Pedra, ou seja, quando ainda morávamos dentro das cavidades da superfície do planeta. Passamos então a manipular a natureza e usar as pedras pra construir o mundo que nos cerca.
“E se…?”, leitura dramática apresentada no Festival Satyrianas, parece pensar nossa sociedade e nossas relações interpessoais a partir dessa metáfora da pedra: seu peso, sua dureza, sua importância estruturante, bem como sua maleabilidade. É o tipo de texto que, caso lido sem que se saiba que é uma peça de teatro, parece ser uma dissertação, seguindo a linha de raciocínio de autor como se estivéssemos ouvindo seus pensamentos.
A leitura já apresenta traços muito interessantes de encenação — como, por exemplo, o próprio objeto (ou “ser”?) pedra que é instalado no centro da cena; os figurinos que criam silhuetas volumosas para as personagens; além das particulares marcações de cena, que desenham coreograficamente o espaço cênico minimalista. Tudo isso, conjuntamente, instigam o espectador a querer assistir a versão final da montagem do espetáculo.