Um jeito interessante e provocativo de refletir sobre as nuances que fazem da vida de quem mora na cidade de São Paulo um tempo acelerado, infértil e desconectado das experiências físicas.
Foquei em três ações: as pessoas na plataforma, o casal sem conexão física e as mulheres plantando flores no concreto. Essas performances, para mim, dizem muito. E, por terem ocorrido na praça, bem no centro da cidade mais movimentada da América Latina, o contexto se torna ainda mais revelador.
A interação com o movimento da própria praça (ciclistas passando, crianças querendo interagir com o que estava sendo exposto, um morador de rua andando entre as encenações) complementou e enfatizou a reflexão proposta pelo grupo.
Vivemos uma sociedade acelerada, que corre sem sair do lugar, que não tem mais solo fértil para novas vidas e que já não sabe lidar com pessoas de carne e osso. E a pergunta que fica é: qual o objetivo de tudo isso?
Ainda não tenho respostas para os múltiplos questionamentos que surgiram apenas ao observar a performance, mas me senti satisfeita por ter sido provocada, algo que, para mim, deve ser um dos principais objetivos de qualquer expressão artística.
Além de tudo o que me agradou, houve momentos em que senti que algumas interpretações duraram um tempo excessivo, causando um certo desconforto, que pode ser, ou não, intencional. Esse incômodo, na minha visão, também pode fazer parte da crítica proposta pelo grupo, pois nos coloca frente a frente com os aspectos que temos dificuldade de encarar em nossa vida cotidiana.