O peso de ser quem se é, a busca incessante pelo autoconhecimento, a melancolia que querer ser diferente do que se é. Um diálogo a três, interpretado por um único corpo em cena, explora uma pergunta: o palhaço tem alma?
Qual é o peso de ter como obrigação provocar o riso no outro, carregar a felicidade de alguém que não se é? E os desejos internos? O que se quer apenas para si? Quem nasce para fazer rir pode, também, chorar? Todas essas questões surgiram em minha mente enquanto assistia ao espetáculo.
O texto, baseado em uma obra de Plínio Marcos, aborda o conflito psicológico de um ser em busca de respostas sobre sua própria existência. A encenação de Filipe Monte Verde é cuidadosamente trabalhada, com movimentos precisos e fluidos. Um corpo intenso, entregue, expansivo e expressivo prende nossos olhos aos atos daquele palhaço em epifania.
A sonoplastia é um destaque à parte e essencial para a narrativa. É ela quem define o tom e o ritmo das cenas, elevando a intensidade de cada momento. Cuidadosamente harmonizada com as emoções do personagem, a dinâmica entre o silêncio e os ruídos intensifica a experiência sensorial, conduzindo o público a mergulhar profundamente no íntimo daquele palhaço.