“No Banheiro Sujo de um Bar Qualquer” [Teatro Adulto] | por Beatriz Porto [@beatrizpfg]
“No Banheiro Sujo de um Bar Qualquer” [Teatro Adulto] | por Beatriz Porto [@beatrizpfg]

“No Banheiro Sujo de um Bar Qualquer” [Teatro Adulto] | por Beatriz Porto [@beatrizpfg]

A peça nos coloca diante de um grupo de pessoas marginalizadas que vivem uma vida paralela na madrugada pelos bares do centro de São Paulo. Elas se xingam e se ameaçam o tempo inteiro, parecem ter pouco a perder. A estética do banheiro sujo e de um bar qualquer está presente ao longo de toda a peça. É possível ver o chão de azulejo branco que já está oleoso às 4h da manhã, a luz verde de fim de noite e a luz branca com mal contato.

“No banheiro sujo de um bar qualquer” é uma fábula pop e urbana sobre o desaparecimento do malandro Johnny Pancadinha e que coloca as personagens que de dia levam sua vida como trabalhadoras precarizadas (faxineiras, prostitutas, faz-tudo) se debatendo à noite sob a violência da própria forma de existência.

O texto usa de um humor ácido que busca evidenciar a crueza das relações entre aqueles que não têm escolha. Textos assim são parte de um painel importante da dramaturgia nacional que fazem o esforço de ver, nas nossas tragédias urbanas de um país da periferia do capitalismo, indivíduos dignos de desejos, sofrimentos e humanidade. Há de se pensar, contudo, quanto que o isolamento de tempo-espaço único não produz certa idealização das figuras, mesmo que na violência e na barbárie. Os subalternos que se xingam, se ameaçam e se violentam aparecem um pouco como figuras fadadas a esse tipo de comportamento, que parece inato e inerente àquela condição. As personagens da peça parecem não existir fora daquele contexto, o que torna mais difuso o exercício de aprendizagem sobre as condições materiais do mundo que as colocam ali. 

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