O filme apresenta a personagem Michele, uma mulher trans, em um dia em que volta do trabalho, chega em casa e então resolve sair pra dar uma volta e beber uma cerveja. A princípio, a obra — que vai se construindo em uma sequência de imagens sem falas — parece abordar a rotina da personagem flagrando sua invisibilidade no circular pela cidade. Ela parece buscar o afeto de alguém, no entanto isso não acontece. Ao mesmo tempo também narra o percurso do que será o agressor de Michele no desfecho da história.
Em ambas as narrativas, parece haver um interesse em mostrar a invisibilidade dessas personagens em seus percursos cotidianos, até que esse último personagem agride Michele quando esta parece estar trabalhando na rua como prostituta. Quando isso acontece, o filme que parecia estar rascunhando um discurso sobre invisibilidade acaba caindo em um tipo de caricatura de uma situação de violência, perdendo sua argumentação (que parecia que ia se complexificar), permanecendo em um ambiente de discussão já muito explorado nas muitas narrativas de violência contra pessoas trans que vemos diariamente na vida real e na arte.
Por fim, o filme também acaba caindo em uma situação delicada ao colocar um ator cis para fazer uma personagem trans — algo que, nos dias de hoje, soa completamente fora do que seria empreender uma séria discussão sobre a violência vivenciada por essa população.