“Mazela” [Cinema] | por Rodolfo Lima [@ilusoesnasalaescura]
“Mazela” [Cinema] | por Rodolfo Lima [@ilusoesnasalaescura]

“Mazela” [Cinema] | por Rodolfo Lima [@ilusoesnasalaescura]

Realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo de Diadema, “Mazela”, curta de Paula Luppi com duração de 8 minutos, foi contemplado para ser um videoclipe — ideia abandonada na hora da realização. Não à toa, o motivo é claro, a história se debruça sobre a violência que acomete mulheres dentro de suas próprias residências, sem que as mesmas percebam que são alvos de tal agressão.

Mariana (Silvana Fagundes) está desempregada, escreve poesias nas horas vagas e supostamente vive uma relação abusiva com seu namorado, que trabalha e sustenta a casa. O curta mostra não apenas uma suposta pressão psicológica do namorado, como também revela sinais de cárcere privado e chantagem emocional. O que não é pouca coisa, pensando que no Brasil a taxa de feminicídio é alta — com a média diária de 4 mulheres mortas. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, uma mulher é estuprada a cada 6 minutos, e as agressões variam entre violência doméstica, ameaças, estupros, perseguição/stalking, violência psicológica e claro, assassinatos — em 2023, 1.467 mulheres perderam suas vidas.
O curta de Paula Luppi tem roteiro simples e de fácil assimilação, não deixando dúvidas sobre sua real intenção. Embora não seja explícito quando se pensa nas agressões que a protagonista sofre — bem como numa possível doença emocional —, algumas escolhas deixam claro e marcam a real intenção da obra, bem como apresentam pistas soltas que o roteiro, escrito a quatro mãos por Paula, Beatriz Ribeiro, Jaqueline Quadros e Silvana Fagundes também revela, como uma foto de Simone Beauvoir ou a biografia de Viola Davis.

“Mazela” estreou esse ano, e sua exibição seguramente abrirá diálogos sobre temas tão urgentes e necessários — o gênero, o feminicídio, as violência diversas que acometem mulheres todos os dias. 

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