“A penumbra do quarto solitário” [DramaMix] | por Rodolfo Lima [@ilusoesnasalaescura]
“A penumbra do quarto solitário” [DramaMix] | por Rodolfo Lima [@ilusoesnasalaescura]

“A penumbra do quarto solitário” [DramaMix] | por Rodolfo Lima [@ilusoesnasalaescura]

“A Penumbra do quarto solitário”, de Abelardo Araújo, ganhou uma leitura dramatizada dentro da programação do Dramamix na Satyrianas. Com duração de 25 minutos, Aroldo Zanchett e Marina Bragion dão voz aos personagens desse trabalho, ao som da melancolia do compositor estoniano Arvo Part (Spiegel in Spiegel), é bom que se diga.

Ela, uma espécie de narradora. Ele, o protagonista isolado num quarto. Quase como criador e criatura já que a personagem narrada por Marina também dá voz ao dramaturgo,  num metateatro onde não se sabe ao certo se o intuito é confundir, provocar, ou mesmo debochar da dor do protagonista. Essa opção faz com que o dramaturgo seja um crítico do seu próprio trabalho. O que é uma boa opção, que talvez ganhasse realces mais eficientes numa possível encenação.

O drama se estabelece pelo fato do protagonista existir sozinho num quarto, numa grande metrópole. O motivo que o torna solitário e carente não é exposto, o que deixa a narrativa um pouco solta e a leitura beira a lamentação. Qual o motivo do personagem? De onde vem, para onde vai? Perguntas que não são respondidas e nem se pretende, já que para Abelardo talvez o simples fato do personagem respirar sem motivos aparente, o dignifique e o torne um reflexo de outros solitários de plantão.

Dirigido pelos próprios atores – talvez na intenção de “respeitar” a atmosfera estabelecida pelo autor – a leitura não ofereceu nenhum risco à sua concepção. Na referida leitura o autor estava presente e relatou se sentir representado pelo trabalho. Diante disso, como contestar o que foi feito?

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