“Xeque Morgue” [Teatro Adulto] | por Douglas Ricci [@blogaus]
“Xeque Morgue” [Teatro Adulto] | por Douglas Ricci [@blogaus]

“Xeque Morgue” [Teatro Adulto] | por Douglas Ricci [@blogaus]

A partir de um conto de Edgar Alan Poe, a peça Xeque Morgue desvenda o mistério do brutal assassinato de Madame Lespanaye e sua filha. Para tanto, lança mão de uma encenação dinâmica e vibrante, ocupando toda a caixa preta do espaço Satyros.

Já na fila para assistir ao espetáculo a plateia é surpreendida por sons que vêm de dentro do espaço cênico reservado para a encenação. Gritos, palavras desconexas e as movimentações dos personagens que saem de suas casas/camarins já nos insere dentro do universo da peça e quando adentramos ao espaço cênico nos vemos adentrando a cena do crime, com liberdade para circular pelo espaço, observando os detalhes que se espalham por toda a sala.

A encenação mantém o público livre para explorar recortes das cena do crime e dos depoimentos dos personagens que vão nos dando flashes de informações sobre o que aconteceu para que assim começarmos a criar um fio narrativo dos acontecimentos. É interessante a forma como o público é instigado a explorar esses detalhes narrativos, sabendo que o tempo para esta exploração é limitado.

Depois deste primeiro momento em que o espetáculo parece já ter estabelecido um formato de encenação, o público é conduzido a se sentar em uma plateia tradicional e acompanhar o desfecho do mistério que se estabelece no palco. Esse tipo de estratégia se mostra muito eficaz no que diz respeito ao envolvimento do público com a história, pois quando sentamos para ver o final, depois de toda a experiência pelo espaço cenográfico imersivo, já estamos capturados pelo enredo, muito mais do estaríamos se a estratégia de encenação fosse o convencional palco italiano já desde o início.

Vale destacar, também, o brilho no olho, a gana e a vontade do jovem elenco em dar cabo da narrativa: é visível a entrega e envolvimento deles na execução da proposta de encenação.

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