“Não dê doces aos bichos” [Teatro Adulto] | por Douglas Ricci [@blogaus]
“Não dê doces aos bichos” [Teatro Adulto] | por Douglas Ricci [@blogaus]

“Não dê doces aos bichos” [Teatro Adulto] | por Douglas Ricci [@blogaus]

Tendo como ponto de partida o texto O casal Palavrakis da encenadora e dramaturga espanhola Agelica Liddell, a montagem Não dê doces aos bichos, apresentada na programação do Festival Satyrianas, nos mergulha em um universo obscuro e inquietante. Um mundo distópico e fragmentado é apresentado ao público que vai montando o quebra-cabeça da narrativa através de pistas colhidas nos desenhos cênicos ao longo do percurso dramatúrgico.

A encenação é dinâmica e percebe-se uma urgência em apresentar ao público a história do casal na forma como os atores enunciam os textos. O coro dos atuadores parece ser uma massa só que vai se desdobrando nas personagens e composições de imagens, que aliás é o ponto alto da montagem, que alcança níveis poéticos muito interessantes como quando todos os homens do elenco fazem o Senhor Palavrakis conversando com a barriga grávida de sua esposa, cobertos por um tule vermelho criando assim uma espécie de placenta com muitas cabeças. 

Imagens assim são uma constante no espetáculo que foi feito como resultado de uma pesquisa do curso de teatro da Cia. Os Satyros, e como venho acompanhando o trabalho da Companhia há algum tempo – tanto os espetáculos dirigidos por Rodolfo García Vásquez, como também as montagens resultantes dos cursos dirigidas geralmente por integrantes do grupo –, percebo que há uma assinatura de encenação nos trabalhos, com elementos que aparecem em diversas delas, como aspectos de espaços imersivos para a encenação, a utilização de iluminação alternativa, o uso do coro como condutor da narrativa, entre outros. Acredito que em termos de estética, como diz o ditado popular, a Cia. está “fazendo escola”.

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