Em “Vidas Intersexo”, parte da programação do SatyriTrans, aconteceu uma conversa bastante didática e imersiva sobre pessoas Intersexo. Dan e Pâm, membros da ABRAI (Associação Brasileira Intersexo) propuseram essa roda de conversa a fim de desmistificar e tornar acessível as informações sobre o tema – que é pouco discutido, até no meio LGBT+, por preconceito e medo de violências. Uma pessoa intersexo é aquela que nasce com características sexuais que não se enquadram nas normas médicas e sociais para corpos masculinos ou femininos, e existem mais de cem váriações biológicas que podem indicar intersexualidade.
Na ABRAI, os membros contam que recebem muitos relatos violentos e parte de violação de direitos, principalmente na infância. Muitas pessoas intersexo passam por cirurgias de “adequação de sexo” e são literalmente mutiladas, sem a possibilidade de escolha. Eles reiteram que é muito importante esperar que a criança se desenvolva e possa escolher com qual gênero e sexo se identificam e se querem ou não fazer cirurgias. Só nos hospitais mais famosos de São Paulo, essas cirurgias sem consentimento da criança acontecem pelo menos três vezes por semana. Os pais muitas vezes não sabem o porquê seus filhos passaram por esses procedimentos, e o corpo médico esconde de forma bem perspicaz a intersexualidade usando nomes científicos.
Foi discutida também a dificuldade em acessar alguns serviços, como criação de certidão de nascimento (que só opera de forma binária homem-mulher), RG, CPF, acesso a aposentadoria, dentre outros tantos. Apenas em 2024 uma pessoa intersexo conseguiu tirar a certidão de nascimento contendo “Intersexo” no campo sexo – tardiamente, visto que ainda não existem legislações que protejam essas pessoas.
Por fim, a ABRAI faz um trabalho de conscientização e de acolhimento dessas pessoas (crianças, famílias e adultos) e dá visibilidade aos corpos dissidentes intersexo, o que gera polêmica em muitos espaços e é uma disputa política. Debate muito necessário, super completo e ainda sanaram todas as dúvidas do público com destreza. Sigam @abraintersexo no instagram e consumam o livro “Intersexualidade: Estudos Acadêmcos”, de Dionne do Carmo Araújo Freitas e Thais Emilia de Campos dos Santos.