FESTIVAL SATYRIANAS
ABERTURA

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19h – Cerimônia de Abertura
20h – Apresentação do espetáculo “O Bailado do Deus Morto”

O Bailado do Deus Morto, de Flávio de Carvalho, com direção de Marcelo Drummond, encerra a exposição dedicada ao artista no Sesc Pompeia com 4 apresentações no Teatro da unidade. As impressionantes máscaras de alumínio arcaico-futuristas
projetadas por Flávio de Carvalho em releituras produzidas para o Oficina voltam aos corpos-cavalos que as sustentam em contracenação direta com a obra de Lina Bo Bardi na fábrica da Pompeia. 

A peça foi escrita em 1933 para a inauguração do Teatro da Experiência, projeto idealizado por Flávio: um espaço para prática e apresentações no qual o teatro fosse encarado de fato como experiência – cênica, arquitetônica,
humana e dramatúrgica. Com isso, Flávio pretendia impulsionar o teatro feito em São Paulo e no Brasil a outras, mais ousadas, aventuras estéticas. 

O “laboratório de pesquisas teatrais”, duramente perseguido pela censura de então, teve vida curta e Flávio não pôde realizar seu projeto de encenar ali peças de Oswald de Andrade. Mas o espaço pôde abrigar a estreia e algumas
poucas apresentações d’O Bailado, com seu coro de músicos negros da recém-nascida Vai-Vai vestindo as máscaras de alumínio desenhadas por Flávio e algumas outras poucas experiências, “como a coletânea de danças e cânticos
da época da escravidão, que causou vivo sucesso e onde Henricão (fundador da Vai-Vai, presente no elenco da primeira montagem d’O Bailado) e sua ‘troupe’ brilharam”, como descreve o próprio Flávio em seu relato da epopéia do
Teatro da Experiência. A peça se dá “numa escala de alguns milhões de anos” e quer provocar reflexão, e alguma turbulência, sobre a relação da espécie humana com a ideia de Deus, em uma dança-cântico com movimentos descritos
em detalhe nas rubricas do autor. 

<<< O TEATRO OFICINA E O BAILADO DO DEUS MORTO >>>

Em agosto de 2019, o Oficina foi convidado para encenar o Bailado do Deus Morto na exposição Flávio de Carvalho – O antropófago ideal, na galeria Almeida e Dale. A companhia já havia trabalhado em outras versões da peça em duas
ocasiões – Bienal de São Paulo de 2010 e Festival de Arte Serrinha em Bragança Paulista. Foi entre as telas vibrantes de Flávio, num cubo branco apinhado de visitantes, na manhã da vernissage, que a montagem de 2019, com direção
de Marcelo Drummond, estreou. O Bailado aterrou depois no Solar dos Abacaxis, em uma apresentação-acontecimento durante a ativação Manjar: Re-conhecimento, no Rio de Janeiro. Depois de algumas apresentações, a montagem foi
transposta para a comprida rua Lina Bardi, no terreiro eletrônico do Oficina, onde teve curta e calorosa temporada em janeiro de 2020. A última encenação na pista do Oficina foi justamente O Bailado, na véspera de decidirmos
interromper nossas atividades em função da pandemia. 

Em junho de 2020, gravamos o podcast d’O Bailado do Deus Morto. Com 38 minutos de duração, o podcast foi disponibilizado gratuitamente na Rádio Uzyna e, alguns meses mais tarde, foi incluído na lista de podcasts premiados pelo
Apple Podcasts. Afastados da sede do teatro no Bixiga e da possibilidade de trabalhar juntos e contracenar com o público atuador, enquadrados em telas de computadores e celulares, redimensionamos a peça para o mundo digital-virtual,
e o Bailado ganhou sua versão online, que esteve em cartaz em três temporadas entre agosto de 2020 e março de 2021. 

Em dezembro de 2021 entramos em cartaz com um momento de trégua da pandemia, mas a temporada foi logo suspensa pela onda da variante ômicron. Somente no 2o semestre de 2022 conseguimos fazer uma pequena temporada de muito sucesso,
durante 4 semanas no Teatro Oficina, religando o público e povoando o Teatro com as máscaras icônicas de Flávio de Carvalho em danças absurdas e cantos de súplica, medo, alegria e ira! A cada temporada e a cada versão, a companhia
tem redescoberto a peça e sua encenação. 

<<< SINOPSE DO ESPETÁCULO >>>

“A peça, uma obra filosófica, e sob o ponto de vista do teatro, obra experimental que procurava novos moldes de expressão. A peça envolve uma escala de alguns milhões de anos e mostra as emoções dos homens para com o seu Deus.
O primeiro ato trata da origem animal do Deus, o aspecto e a emotividade do monstro mitológico e as razões que levaram a mulher inferior a transformá-lo num objeto de dimensões infinitas, apropriado à ira e ao amor do homem.
Mostrava a vida do Deus pastando entre as feras do mato e os laços afetivos que mantinha com estas. É o Deus peludo, de cabelo ondulado e comprido como o da mulher e que pratica a grande traição. A traição de sangue, matando
os seus amigos as feras, abandonando os seus companheiros de pasto, para o amor de uma mulher inferior, um ser de uma outra espécie. No 2o ato a Mulher Inferior explica ao mundo porque ela seduziu o monstro mitológico e pacato
de entre os animais e colocou-o como Deus entre os homens, uma profunda saudade marca a sua entonação e a sua ira contra o Homem Superior. Entre um coro de mugidos de vaca de manhã cedo os homens do mundo imploram em vão um Deus
calado e desaparecido. Perplexos, eles decidem e controlam os destinos do pensamento, marcam e especificam o fim do Deus e o modo de usar os seus resíduos no novo mundo.” – Flávio de Carvalho, A origem Animal do Deus e o Bailado
do Deus Morto do mesmo autor, Difusão Européia do Livro/1973